O antigo trajeto do trem de passageiros entre Recife e Caruaru pode ganhar nova vida, trazendo de volta uma conexão histórica que ficou esquecida por mais de duas décadas. A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) lançou uma iniciativa fundamental para estudar a viabilidade de reativar essa linha férrea, que se estende por aproximadamente 120 quilômetros entre a capital pernambucana e o município do Agreste. A medida representa um passo importante para fortalecer a mobilidade regional e incentivar o desenvolvimento econômico.
O acordo firmado entre a Sudene e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estabelece a condução dos estudos técnicos e ambientais necessários para avaliar a estrutura atual da ferrovia. A análise pretende identificar se a linha existente pode ser reaproveitada ou se será necessária a construção de novos trechos para garantir a segurança e eficiência do transporte ferroviário. Este estudo reforça o compromisso com a ampliação da infraestrutura logística da Região Nordeste, elemento vital para o crescimento da competitividade da região.
Para Danilo Cabral, superintendente da Sudene, a proposta de reativação do trem de passageiros resgata uma vocação histórica da região, que remonta ao século XIX. Ele destaca que a ferrovia já foi fundamental para o transporte de pessoas e mercadorias, e seu retorno pode atender às demandas atuais por mobilidade, além de fortalecer setores econômicos tradicionais como o polo têxtil e o turismo regional. A retomada do serviço ferroviário é vista como uma solução para aliviar a sobrecarga da principal rodovia que liga as cidades, a BR-232.
Historicamente, o trem entre Recife e Caruaru começou a operar em 1895, e durante o século XX desempenhou papel crucial no transporte de passageiros e produtos como algodão, couro e queijo. Um destaque cultural desse percurso era o “Trem do Forró”, que atraía turistas para as festas juninas nas cidades ao longo da linha férrea, consolidando uma tradição que perdura até hoje na memória da população. Contudo, o serviço foi descontinuado no ano 2000, deixando um vazio no sistema de transporte regional.
Além do estudo para o transporte de passageiros, a Sudene anunciou outro projeto focado no transporte de cargas entre Petrolina e Salgueiro, no Sertão pernambucano. Essa ferrovia de aproximadamente 250 quilômetros tem o objetivo de melhorar o escoamento da fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, integrando a produção local à ferrovia Transnordestina e facilitando o acesso aos portos de Suape e Pecém. Tal medida é fundamental para aumentar a competitividade dos produtos regionais e fomentar o crescimento econômico do estado.
A estação ferroviária de Caruaru, que mantém trechos preservados das antigas linhas, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 2010. Recentemente, a prefeitura local vem investindo na transformação da estação em um museu a céu aberto, com reformas e adaptações para promover atividades culturais e turísticas, agregando valor histórico e social ao patrimônio ferroviário da cidade.
A previsão é que os estudos realizados pela parceria entre Sudene e UFPE sejam concluídos no primeiro trimestre de 2026, oferecendo uma análise detalhada sobre a viabilidade técnica, ambiental e econômica da reativação das linhas férreas. O resultado desse trabalho será crucial para o planejamento e a execução de projetos que podem transformar o transporte regional e impactar positivamente a economia e a qualidade de vida da população.
Retomar o trem de passageiros entre Recife e Caruaru não é apenas um retorno à história, mas um olhar voltado para o futuro, onde a integração dos modais de transporte, o desenvolvimento sustentável e a valorização cultural caminham juntos. A cidade e a região têm uma oportunidade única de reconstruir um elo ferroviário que pode impulsionar o progresso e garantir mobilidade eficiente para as próximas gerações.
Autor: Fedorov Yudin Variant